Thursday, December 31, 2009

Depois do atentado, da quase explosão do vôo 253 da Delta airlines de Amsterdam para Detroit no dia do natal, aqui nos EUA só se fala sobre uma máquina capaz de produzir a imagem de uma pessoa como se despida de roupas. A polêmica gira em torno do direito de privacidade dos cidadãos versus a necessidade de tornar vôos livres de agentes terroristas escondendo PTNE ou outras substancias explosivas. Estas são provavelmente questões válidas mas acho que a devida atenção não está sendo dada à fantástica tecnologia por detrás de uma máquina com tal poderes. Lembro que assiti o filme O Vingador do Futuro com o Schwarzenegger há duas décadas atrás e uma das cenas que mais me impressionou foi a de uma máquina similar a esta que permitia um desnudamento virtual de pessoas. Agora isto é realidade e a engenhosidade humana fica em segundo plano em relação à ignorância e malvadeza de alguns. Talvez seja esta uma infeliz lição a ser aprendida sobre a natureza do homem: o terror chama mais nossa atenção que a inteligência.

Sunday, December 20, 2009

Sobre o filme “Avatar” de James Cameron

Se lhe dão uma fruta que você nunca provou antes (cajá, por exemplo) e lhe pedem para julgar se ela está madura ou não você provavelmente vai encontrar dificuldades. O filme Avatar oferece está sensação de falta de referência aos críticos. Em relação à forma do filme não há nada na história do cinema para ser usada de base. O filme é visualmente surreal, hiper-real, e tri-dimensional. Vamos discutir o conteúdo logo para depois voltarmos para a forma.

Um ex-fuzileiro naval americano paraplégico entra de gaiato numa aventura de descobrimento de um planeta alienígena depois que o irmão gêmeo morre. No corpo de um avatar, isto é, sua consciencia humana vivendo num corpo extraterrestre, ele se torna um membro de uma tribo do humanóides Na’vi de dia e soldado a noite. Acaba se virando contra sua “raça” de humanos sanguinários ao lado de seu amor ao estilo Pocahontas ou Dança com Lobos. Pronto, é esse o resumo, tem mocinha, tem bandido bem malvadão sem coração, tem luta do bem contra o mal. O conteúdo é raso.

Mas quando portado de óculos tridimensionais da nova geração de câmeras de alta definição eu como espectador perdi a noção de realidade por completo. Para dizer o que muitos críticos estão dizendo: você entra no filme. O planeta de pano de fundo da história é o lar de fantásticas criaturas e plantas. As rotinas dos Na’vis azuis, como galopar um dinossauro-cavalo de seis patas ou voar entre montanhas flutuantes montados em lagartos voadores vira a sua rotina nas quase três horas de filme. Você está lá, você quase que sente o vento no rosto. Aí, neste estado de hipnose psicodélica qualquer lugar comum no roteiro fica perdoado.

Nota: 4 estrelas de 5 possíveis por oferecer ao público uma experiência nunca vivida antes com tanto realismo.
Dica: O filme deve ser impreterivelmente assistido em 3-D.

PS. Ouvia-se dizer que o cinema de Hollywood começaria a perder dinheiro para as indústrias de dvd, blu ray e streaming na internet. Acho que depois de um filme 3-D como Avatar, muita gente não se incomodará em sair de casa, dirigir alguns quilômetros e pagar caro, ao invés de fazer o download de um filme de qualidade de imagem bem mais ou menos. Estes gênios hollywoodianos como Cameron são também espertíssimos capitalistas.

Sunday, December 06, 2009

Trilhando no Deserto

Tuesday, November 24, 2009

Monday, November 02, 2009

Protesto Contra a Comilança de Carne
ou
Vegetarianos Criativos







Num dia de semana, dia de movimento no centro de San Diego, Califórnia, pessoas de ideais vegetarianos quase nuas manchadas de tinta vermelha se enrolaram em papel plástico e deitaram em bandeijas para protestar contra o consumo de carne.

Contos Minúsculos 6

Ela conta: "O curso de direito me esgota a tal ponto, que quando chego em casa não quero assitir um filme de Fellini. Quero sim é não pensar em nada, quero ver um "reality show" bem vagabundo.
Eu penso: "Para quantos será que ela não usou a mesma frase de efeito?"


Maurício Albuquerque corre desenfreadamente pela Augusta. Não são quatro e trinta da manhã, horário raro quando os silêncios se fazem naquela parte de Sampa. São duas e trinta da tarde e para cada passo, um esbarro; cada pulo, uma cotovelada; cada desviada, uma gritada: Pega ladrão!

Tuesday, October 20, 2009

Variedade nas aplicações

É prática corriqueira dos opiniadores nos assuntos financeiros dar a seguinte instrução: “ Tenha variedade nos seus investimento” ou também “Não tenha todos os seus ovos em uma cesta só”. Este que vos escreve, pouco entende de economia, porém considera aqueles sábios conselhos.
Acho a idéia de um variado portfólio entre digamos, ouro, dólares, imóveis, poupança, ações tão inteligente que me acorreu perguntar algo aos ventos: - Por que não aplicamos o mesmo conceito à carreiras? Sim, poderíamos crescer e estudar para sermos médico oncologista e turismólogo . Não é nossa profissão afinal talvez o maior investimento que fazemos na vida? Cursar duas faculdades ao mesmo tempo ou fazer uma logo após a outra seria prática comum entre as pessoas. Pode-se argumentar que muitos já fazem isto, mas aqui me refiro a fazer dois cursos bem diferentes. Está cheio de gente por aí se formando em administração e engenharia como cursos complementares. Estou falando do sujeito fazer odontologia e decoração. Também não é só para faculdades, mas para aprender a ser borracheiro e maquiador durante a vida.
Os pais e avós perguntariam “Quantas carreiras você vai ter quando crescer?” Os miúdos falariam que seriam bombeiros, policiais, e super-herói.
E como aqui falo de carreiras me refiro a longas carreiras realmente. Alguém trabalharia de domador de leões por dois anos e nos próximos dois frentista.
Assim estaríamos mais protegidos da grande angústia dos nossos tempos, o medo de ficar desempregado. Quanto mais carreiras tivéssemos mais chances de sermos “recolocados no mercado”.

Thursday, April 02, 2009

A causa da crise do ponto de vista de esquerda de Lula versus o da direita americana

O presidente Lula recentemente disse na ocasião em que o primeiro ministro britânico Gordon Brown estava no Brasil que a crise mundial foi causada “por banqueiros brancos de olhos azuis que achavam que entendiam de economia”. Esta citação do nosso presidente que tem mais pérolas que pescoço de madame é agora criticada e análisada pela mídia internacional. Em geral os jornais americanos e europeus condenam a observação racista. Primeiro pois as causas da crise são tão complexas que nenhum discurso curto poderia explicar. Mas também porque num momento de crise as tensões raciais costumam ficar mais energizadas e tais afirmações, ainda mais ditas por um líder que tenta a todo custo se projetar internacionalmente, podem criar violência. Lembremos do tempo da grande depressão nos anos 30 que de alguma maneira contribuiu para alimentar os criminosos conflitos entre negros e brancos nos EUA e o crescimento de um sentimento nazista na Europa.
O Lula é um demagogo, é um populista, é um apreciador de metáforas futibolísticas e de frases de efeito. Mas ele em geral, por incrível que pareça, está em sintonia com a maioria da população brasileira. Veja sua popularidade no alto dos sessenta, setenta por cento. Ele tem como quase obrigação falar estes absurdos, não que a crítica internacional também não esteja certíssima ao criticar coisas faladas assim tão irresponsavelmente...
Mas agora façamos a comparação entre a frase “a crise foi causada por banqueiros brancos de olhos azuis que achavam que entendiam de economia” com uma frase difundida aqui nos EUA pelos de direita: “a crise (iniciando-se com a crise imobiliária) foi causada por minorias que pegavam empréstimos para comprar a casa própria e depois não conseguiam pagar”. Colocando estas duas frases lado a lado a de Lula parece menos absurda. Como julgar a minoria latina e negra dos EUA por quererem nada mais que uma vida melhor e serem lubridiados a aceitar tais empréstimos? Foram facilmente iscados a pegar tais empréstimos oferecidos por instituições financeiras ultra gananciosas justamente por serem pobres e pouco educados como consequência de um regime controlado por uma elite (branca de olhos azuis?) que cria estas aberrações sociais. Como não concordar que a crise foi de fato em parte causada por banqueiros? De todas as cores, é verdade. Como criticar um líder esquerdista que em geral defende os mais pobres no mundo em comparação a líderes de direita que muito pelo contrário culpam os pobres pelos problemas do mundo?

Thursday, March 26, 2009

A Barba Toma Conta de Mim

Sou um bebê de 30 anos de barba bem feita, recém feita.
Sinto meu rosto como sinto seda.
Suave é minha cútis como são minhas ações.
“Por favor”, “Muito obrigado”. Abro a porta do carro para meu amor.
Quem falou que isto não existe mais? Minha cara limpa não se acanha em ser gentil, em ser um cavalheiro.

Como uma lixa no terceiro dia sinto meu queixo, pescoço, maçãs do rosto.
“Por favor” vira “Porra”.
Estou deprimido, bebo demais. Não durmo, bebo demais. Bebo demais.

Me liberto no sexto dia. Sou um bruto total.
Não falo palavrões, porque só ruídos solto.
Minha barba crespa, grossa é minha verdadeira face.
Minha mulher é repulsiva para meus olhos.

A barba é plena. Entre os carrapatos minha baba escorre.
Uma barba de dezesseis dias. Ou seriam dezessete?
Não raciocino, sou menos que um animal.
Se existo de alguma maneira, sou no melhor uma poça de esperma, pus, catarro.
Vejo aquela que amei, que se diz minha mulher como nada mais que uma poça de esperma, pus, catarro também.

Me tranco no banheiro. Me encaro no espelho. Tenho que fazer a barba. Ela toma conta de mim.

A navalha. Minha goela. Esperma, pus, catarro, sangue e barba, muita barba.

Monday, March 16, 2009

Contos Minúsculos 5

Acabara de escrever em seu diário: “Assim passei meu quadragéssimo-terceiro dia sem descer do alto deste Carvalho. Só me tiram daqui e derrubam esta árvore com uma ordem judicial assinada pelo Senhor!” quando de sopetão do céu anil sem nuvens um relâmpago desceu matando ele e a árvore.

Wednesday, February 18, 2009

Leia “Watchmen”

Li “Watchmen” pela primeira vez no final dos anos 90. A recomendação foi dada por um amigo amante de literatura brasileira, clássicos de Homero, Shakespeare, Saramago. A princípio achei engraçado estar voltando a ler uma história em quadrinhos, coisa que fiz demais quando era criança. O que teria “Watchmen” se não personagens rasos, narrativa boba de heróis do bem contra vilões do mal, a pregação moral do que é certo?

Li aquela primeira vez e mais três vezes desde então. A cada leitura descobria uma nova camada. Os personagens são incrivelmente palpáveis, a narrativa é complexa e completa. Basicamente todos as grandes palavras estão lá abordadas: Amor, Sexo, Existência, Guerra, Vingança. Temas que eram foco nos anos 80 e ainda hoje são estão presentes: Genética, armas nucleares, homosexualismo, luta de classes, ideologia de direita x ideologia de esquerda, capitalismo, socialismo, busca pela fama. Como “Cem Anos de Solidão”, “Sgt. Peppers”, “Guernica” e “Cidadão Kane” estão para a literatura, a música, a pintura e o cinema, “Watchmen” está para a história em quadrinhos. Sim é um clássico no sentido original da palavra. Será, se já não é, estudado em classes universitárias.

Fica aqui minha recomendação, leia o livro antes da estréia do filme que acredito não chegará próximo da riqueza da obra original como acontece com muitas adaptações de Hollywood. E ainda criará um mundo na nossa cabeça que só irá comprometer uma apreciação plena que só se consegue sendo virgem em relação à obra original se no futuro decidirmos lê-la.